FOLCLORE PIAUIENSE
(Adrião Neto)
O folclore piauiense é um dos mais ricos do país. A sua manifestação se dá espontaneamente através do linguajar corriqueiro descompromissado com as regras gramaticais e da linguagem popular carregada de arcaísmo e de neologismo, de vocábulos típicos e de expressões peculiares. Aflora naturalmente através da Língua na boca do povo; através da literatura oral, das lendas, das simpatias, dos causos, das histórias de trancoso, das adivinhações, das loas, das lorotas, dos provérbios e brocardos, da música, do repente, do cordel, da embolada, dos folguedos, do sincretismo religioso, das crendices e superstições, dos mitos e das figuras populares, do artesanato, da culinária, dos costumes e das tradições e de toda a sabedoria popular da nossa gente.
(Adrião Neto)
O folclore piauiense é um dos mais ricos do país. A sua manifestação se dá espontaneamente através do linguajar corriqueiro descompromissado com as regras gramaticais e da linguagem popular carregada de arcaísmo e de neologismo, de vocábulos típicos e de expressões peculiares. Aflora naturalmente através da Língua na boca do povo; através da literatura oral, das lendas, das simpatias, dos causos, das histórias de trancoso, das adivinhações, das loas, das lorotas, dos provérbios e brocardos, da música, do repente, do cordel, da embolada, dos folguedos, do sincretismo religioso, das crendices e superstições, dos mitos e das figuras populares, do artesanato, da culinária, dos costumes e das tradições e de toda a sabedoria popular da nossa gente.
...3.0 – Cantigas, Danças e Folguedos:
3.1 – A Dança da Carrapeta
“A dança da carrapeta
É uma dança singular
Que põe os joelhos na terra
Ô... que faz o amor chorar.
Fulana sacode a saia
Fulana arriba os braços
Fulana tem dó de mim
Ô.. fulana me dá um abraço!...”
3.2 – O Cravo Brigou com a Rosa
“O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu ferido
A rosa despedaçada.
O cravo ficou doente
A rosa foi visitar
O cravo teve um desmaio
A rosa pôs-se a chorar”.
3.3 – Lagarta Pintada
“Lagarta pintada
Quem foi que te pintou?
Foi a velha cachimbeira
Por aqui ela passou.
No tempo da areia
Fazia poeira
Puxa lagarta
Por esta orêia.”
3.4 – Cavalo Piancó
(Dança de origem amarantina. Cavaleiros e damas formam pares e em círculo, ao som da música, vão trotando como se fossem cavalos mancos).
“Ora o meu cavalo é piancó
Ora o meu cavalo é piancó
Ora o meu cavalo é piancó
Bonito pra vadiar
Cavaleiro troca o par.
Ele corre, corre elegante
Ele corre, corre elegante
Ele corre, corre elegante
Nas banda de Amarante – bis”.
(Excerto)
3.5 – Pagode de Amarante
(Folclore amarantino que vem do tempo da escravidão. É dançado ao ritmo de tambores, com rodopios, gingados e sapateados).
“Boi estrela mangueira
Boi estrela mangueira
Quem te ensinou a dançar
Rodou, trocou no pilar café
Quero me casar mas papai não quer.
A cobra salamanta
É uma cobra de agonia
Se pisar no meio quebra
Se pisar no rabo chia”.
(Excerto)
3.6 – Reisado
(É um bailado popular dançado em todo o Estado, no período que vai do Natal ao Dia de Reis, com um elenco composto por 4 a 6 Caretas, a Burrinha, o Boi, o Jaraguá, a Cigana, a Ema, a Arara, o Caipora, o Cabeça-de-Fogo e outros). Há mais de uma versão.
“Despertai vós que dormis
Deste sono em que estais
Já vem rompendo a aurora Bis.
Já canta a perdiz nos trigais”.
Despertai vós que dormis
Deste sono tão profundo Bis.
Vimos todas reunidas
Ver o Salvador do Mundo”.
(Excerto)
3.7 – Reis
(É uma variante do Reisado).
“Só lhe peço Ano Bom
Se você for de nobreza
Uma bela formosura
Feita pela natureza.
Rosa branca desfolhada
No jardim do beija-flor
Eu só peço Ano Bom
A quem for o meu amor”.
(Excerto)
3.8 – Roda de São Gonçalo
(Cantiga religiosa precedida por um ritual composto por duas fileiras de homens e mulheres movimentando-se em frente ao altar, ora em forma de círculo, ora em forma de cruzeiro, reverenciando o santo e beijando-lhes os pés). Há mais de uma versão.
“São Gonçalo vem chegando
Chegando pro seu altar – bis.
Coro: Ô lê, ô lê, ô lê agora
São Gonçalo nossa hora – bis.
Padroeiro tão querido
Já vem nos abraçar – bis.
Ó meu senhor São Gonçalo
Peço que nos dê licença – bis.
Pra dançarmos esta roda
Aqui em vossa presença – bis.
(Excerto)
3.9 – Roda de São Benedito
(Ritual religioso, de coreografia simples, realizado depois do encerramento das outras atividades da igreja, inclusive do leilão).
“Meu São Benedito
Fulô de cajá
Livrai-me das véias
Qui querem casá.
Meu São Benedito
Fulô de piqui
Livrai-me das moças
Qui querem fugi”.
(Excerto)
3.10 – Festa do Divino
(Cortejo religioso que sai pelas casas, portando bandeira, cantando, rezando e angariando esmolas. É um espetáculo de fé, ritmo e cultura. Oeiras e Simplício Mendes são os municípios que mais se destacam na realização dessa festa).
“Meu Divino Espírito Santo
Divino Consolador
Consolai as nossas almas
Quando deste mundo for.
O Divino pede esmola
Mas não é por carecer
É para ver os seus devotos
Aqueles que querem ser.
O Divino pede esmola
Mas não é por precisão
É para ver os seus devotos
Os seus devotos quem são”.
(Excerto)
3.11 – Pastorinhas
(Ritual de caráter religioso, composto por duas filas de pastorinhas. Como personagem tem as Ciganas, as Princesas e a Florista ou a Borboleta. Nesta versão, aqui apresentada, o cortejo entra na igreja e depois sai pelas ruas e dança nas casas).
“Alegres são estes campos
Quando vem nascendo o sol
E o gorjeio saudoso
Do pequeno, do pequeno rouxinol.
Sigamos todos contentes
Para ver e com alegria
Para ver o Deus menino
Jesus filho de Maria”.
(Excerto)
3.12 – Marujada
É uma festa popular em fase de extinção no Piauí. Somente em Parnaíba e Campo Maior ainda existe timidamente. Encena a história de uma nau perdida no mar e sobre o desenrolar da viagem que teve um final feliz graças a um milagre de Nossa Senhora. Fala um pouco sobre a história dos primeiros tempos de Portugal, especialmente em relação das lutas entre cristãos e mouros. O ritual tem coreografia simples. Os participantes falam, dançam e cantam imitando o balanço do mar.
3.13 – Quadrilha Junina
Festa caipira dançada em todo o Estado durante o mês de junho, especialmente por ocasião dos festejos de São João e São Pedro. A quadrilha que inicialmente chegou a ser uma dança de salão, hoje em dia apresenta marcação e coreografia mais modernas, guardando pouca lembrança da quadrilha afrancesada dos velhos tempos. É uma festa popular pitoresca dançada ao som do forró, tendo como ponto alto o casamento matuto. A quadrilha é um dos principais folguedos do Nordeste.
3.14 – Bumba-Meu-Boi
(Tela de Jeovah Santos) O Bumba-Meu-Boi, também conhecido como Boi de São João ou simplesmente de Boi é um dos principais folguedos do Piauí. Retrata a história de Catirina, a mulher de Chico Vaqueiro, que, estando gestante, desejou comer o coração do Mimoso – o boi mais bonito da fazenda. Induzido pela mulher o vaqueiro matou o animal. A notícia chegou aos ouvidos do patrão que embora tendo se enfurecido, após o julgamento, terminou perdoando o acusado. Com a assistência dos médicos (veterinários), o boi ressuscita e tudo termina em festa. O elenco dessa história, além do vaqueiro e de sua mulher, é constituído pelo Amo ou Ama (Dona Maroquinha), os médicos que cuidaram do boi, o Pai Francisco, o Mestre, o Contra-Mestre, o Alferes, o Sargento, os Caboclos Guerreiros (vestidos de índios), os Caboclos Reais, o Bicho Folharau e outros.
“Siá dona barra o terrêro
Cum bassôra de algodão
Qui a barra do boi é branca
Num pode arrastá no chão.
É lá, ê-lá
É lá tornô rodá
Siá dona barra o terrêro
Q’ué pu meu boi balanceá.
Siá dona barra o terrêro
Cum bassôra de alecrim
Qui a barra do boi é branca
Num pode arrastá campim”.
3.15 – O Meu Boi Morreu
A colonização do Piauí foi feita no rastro das boiadas. Ainda hoje o boi é um dos principais sustentáculos da nossa economia e uma das presenças vivas do nosso folclore. Além das várias versões do Bumba-Meu-Boi, Boi de Julho ou Boi de São João, o folclore piauiense imortalizou a marchinha O Meu Boi Morreu. Em seu livro Zamba, editado em 2000, a folclorista Lisete Napoleão Medeiros, discorrendo sobre a origem dessa composição poética e musical, nos diz que um rico fazendeiro do Piauí elegeu-se a deputado federal e estando em plenário da Câmara dos Deputados, sediada no Rio de Janeiro, onde até então funcionava o Distrito Federal, foi informado pelo seu assessor de imprensa sobre a morte de “Mimoso”, o seu boi de estimação. Consternado com a notícia, o deputado tirou o chapéu-de-couro da cabeça e em prantos solicitou para que todos se levantassem e que de pé fizessem um minuto de silêncio. Após ser prontamente atendido, ainda com lágrimas nos olhos, exclamou: – “Senhores, o meu boi morreu, o que será de mim?!” Segundo a autora, durante muito tempo o fato gerou comentários e há até quem ateste que foi esse inusitado incidente que inspirou a criação da marchinha:
“O meu boi morreu,
O que será de mim,
Manda buscar outro, maninha,
Lá no Piauí”.
4.0 – Eventos Folclóricos
Além do Encontro de Folguedos e dos Festivais de Quadrilha que são promovidos anualmente pela Fundação Cultural do Estado, a Fundação Cultural Mons. Chaves (de Teresina), promove eventos dessa natureza. Fora da esfera oficial merecem destaque os Festivais de Violeiros do Norte e Nordeste, promovidos anualmente, em agosto, pela Associação dos Violeiros e Poetas Populares do Piauí / Casa do Cantador, que tem como eterno presidente o respeitado professor, poeta e violeiro Pedro Mendes Ribeiro e como patrocinador, o Grupo Claudino, do empresário João Claudino que é considerado o Patrono dos Cantadores do Piauí e do Nordeste; os Festivais de Violeiros do Piauí, promovidos pelo Sindicato dos Cantadores do Piauí, com o apoio da iniciativa privada e da Fundação Nordestina do Cordel, criada pelo poeta popular, humorista, violeiro e cordelista, Pedro Costa, que também edita a Revista De Repente, a única do gênero, no país, especializada na divulgação da cultura popular e com correspondentes e circulação em vários Estados. Além dos eventos que divulgam, promovem e destacam os violeiros locais que sonham em ter a mesma dimensão do Rei do Improviso, o nosso inesquecível Domingos Fonseca, o Piauí que serviu de berço para o poeta Firmino Teixeira do Amaral, um dos maiores cordelista do Brasil de todos os tempos, se destaca pela grande produção de cordel e para tanto conta com a Gráfica Rima, do poeta Raimundo Clementino, que se especializou na produção de folhetos. Para divulgar o repente e o cordel, além das revistas De Repente, editada por Pedro Costa e Mensageiro da Rima, editada pelo poeta Barripi, contamos com vários programas de rádio, dentre os quais mencionamos “Sertão Por Dentro e Por Fora”, apresentado, na Rádio Pioneira, pelo poeta Pedro Mendes Ribeiro.
5.0 – Lendas
5.1 – Cabeça-de-Cuia
(Foto)Retrata um matricídio ocorrido na confluência do rio Parnaíba com o Rio Poti – local onde atualmente fica situado o Parque Ambiental Encontro dos Rios, no bairro Poti Velho. Em resumo a lenda conta a história de Crispim, um pescador violento que vivia com a mãe, numa velha choça, na confluência dos dois rios. Certo dia, ao voltar para casa sem ter conseguido pescar uma única piaba e ao perceber que não havia nada para comer, irritou-se e armando-se com um fêmur de boi, desferiu um golpe mortal contra a cabeça da mãe. A velha caiu ciscando, mas antes de bater a caçoleta, rogou-lhe uma maldição, condenando-o a viver como um monstro de cabeça grande, sob as águas do Parnaíba e do Poti e que só se desencantaria depois que desvirginasse sete Marias. Desesperado o pescador atirou-se n’água e, apesar da busca incessante, realizada nas noites de lua cheia, pelas ruas da cidade, ainda não encontrou as suas possíveis vítimas, razão pela qual a maldição continua e ainda hoje ele vive a assustar os pescadores e até os turistas que vão ao Encontro dos Rios.
5.2 – Num-Se-Pode
Conta-se que uma linda mulher ficava pelas ruas de Teresina à espera dos homens que saiam à noite em busca de aventuras. Quando um homem se aproximava, ela pedia um cigarro; ao recebê-lo, começava a se transformar numa figura horripilante e ia crescendo até conseguir acender o cigarro na luz do lampião do precário sistema de iluminação pública da capital e enquanto o pobre homem corria, desesperado de terror, ela sai zombando, aos gritos: “Num-se-Pode”, “Num-se-Pode”...
5.3 – Zabelê
É uma lenda que gira em torno do amor secreto de Zabelê, da tribo dos Amanajós com Metara, da tribo dos Pimenteiras. As duas tribos eram inimigas ferrenhas e como, em hipótese nenhuma, consentiriam aquele relacionamento, os dois passaram a se encontra às escondidas na margem do rio Itaim. Mandaú que nutria um amor não-correspondido por Zabelê, desconfiando de suas andanças a seguiu e ao encontrá-la nos braços do amado, levou algumas testemunhas para desmascará-la. O incidente gerou uma briga generalizada que resultou na morte dos amantes e de Mandaú. O novo incidente desencadeou uma guerra entre as duas tribos que durou sete sóis e sete luas. Tupã apiedando-se dos amantes, os transformou em duas aves que andam sempre juntas a cantar tristemente ao entardecer. Mandaú, o pivor de toda a desgraça, foi castigado e transformando num gato maracajá, e, devido o alto valor de sua pele, ainda hoje é perseguido pelos caçadores.
5.4 – Miridan
A lenda gira em torno do nascimento de uma criança que resultou de um relacionamento secreto da filha de um morubixaba de uma das tribos da nação Acroá. Conta-se que a jovem não sabendo como esconder o filho, o colocou numa gamela e soltou nas águas do rio Paraim. Quando a gamela começou a flutuar e descer na correnteza, as águas do rio se transformaram num imenso lago que atualmente é conhecido como a Lagoa de Parnaguá. A mãe d’água ao ouvir o choro do menino amaldiçoou a mãe desnaturada e o recolheu para criar. Vivendo sob os cuidados da mãe-d’água o menino encantou-se e ainda hoje não houve quem conseguisse desencantá-lo. Dizem que, de vez em quando ele aparece, pela manhã como criança, na parte da tarde como adulto e à noite como um velho de barbas brancas.
5.5 – Outras:
Dentre outras lendas do Piauí também merecem destaque “A Corrente Misteriosa”, “A Porca do Dente de Ouro”, “Morou ou Tá na Boca”, “Alice”, “O Anel de São Gonçalo”, “O Peba João”, “A Porca Jaú”, “Barba-Ruiva” (uma variante de Miridan), “Haja-Pau”, o “Pé-de-Garrafa” e outras.
3.1 – A Dança da Carrapeta
“A dança da carrapeta
É uma dança singular
Que põe os joelhos na terra
Ô... que faz o amor chorar.
Fulana sacode a saia
Fulana arriba os braços
Fulana tem dó de mim
Ô.. fulana me dá um abraço!...”
3.2 – O Cravo Brigou com a Rosa
“O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu ferido
A rosa despedaçada.
O cravo ficou doente
A rosa foi visitar
O cravo teve um desmaio
A rosa pôs-se a chorar”.
3.3 – Lagarta Pintada
“Lagarta pintada
Quem foi que te pintou?
Foi a velha cachimbeira
Por aqui ela passou.
No tempo da areia
Fazia poeira
Puxa lagarta
Por esta orêia.”
3.4 – Cavalo Piancó
(Dança de origem amarantina. Cavaleiros e damas formam pares e em círculo, ao som da música, vão trotando como se fossem cavalos mancos).
“Ora o meu cavalo é piancó
Ora o meu cavalo é piancó
Ora o meu cavalo é piancó
Bonito pra vadiar
Cavaleiro troca o par.
Ele corre, corre elegante
Ele corre, corre elegante
Ele corre, corre elegante
Nas banda de Amarante – bis”.
(Excerto)
3.5 – Pagode de Amarante
(Folclore amarantino que vem do tempo da escravidão. É dançado ao ritmo de tambores, com rodopios, gingados e sapateados).
“Boi estrela mangueira
Boi estrela mangueira
Quem te ensinou a dançar
Rodou, trocou no pilar café
Quero me casar mas papai não quer.
A cobra salamanta
É uma cobra de agonia
Se pisar no meio quebra
Se pisar no rabo chia”.
(Excerto)
3.6 – Reisado
(É um bailado popular dançado em todo o Estado, no período que vai do Natal ao Dia de Reis, com um elenco composto por 4 a 6 Caretas, a Burrinha, o Boi, o Jaraguá, a Cigana, a Ema, a Arara, o Caipora, o Cabeça-de-Fogo e outros). Há mais de uma versão.
“Despertai vós que dormis
Deste sono em que estais
Já vem rompendo a aurora Bis.
Já canta a perdiz nos trigais”.
Despertai vós que dormis
Deste sono tão profundo Bis.
Vimos todas reunidas
Ver o Salvador do Mundo”.
(Excerto)
3.7 – Reis
(É uma variante do Reisado).
“Só lhe peço Ano Bom
Se você for de nobreza
Uma bela formosura
Feita pela natureza.
Rosa branca desfolhada
No jardim do beija-flor
Eu só peço Ano Bom
A quem for o meu amor”.
(Excerto)
3.8 – Roda de São Gonçalo
(Cantiga religiosa precedida por um ritual composto por duas fileiras de homens e mulheres movimentando-se em frente ao altar, ora em forma de círculo, ora em forma de cruzeiro, reverenciando o santo e beijando-lhes os pés). Há mais de uma versão.
“São Gonçalo vem chegando
Chegando pro seu altar – bis.
Coro: Ô lê, ô lê, ô lê agora
São Gonçalo nossa hora – bis.
Padroeiro tão querido
Já vem nos abraçar – bis.
Ó meu senhor São Gonçalo
Peço que nos dê licença – bis.
Pra dançarmos esta roda
Aqui em vossa presença – bis.
(Excerto)
3.9 – Roda de São Benedito
(Ritual religioso, de coreografia simples, realizado depois do encerramento das outras atividades da igreja, inclusive do leilão).
“Meu São Benedito
Fulô de cajá
Livrai-me das véias
Qui querem casá.
Meu São Benedito
Fulô de piqui
Livrai-me das moças
Qui querem fugi”.
(Excerto)
3.10 – Festa do Divino
(Cortejo religioso que sai pelas casas, portando bandeira, cantando, rezando e angariando esmolas. É um espetáculo de fé, ritmo e cultura. Oeiras e Simplício Mendes são os municípios que mais se destacam na realização dessa festa).
“Meu Divino Espírito Santo
Divino Consolador
Consolai as nossas almas
Quando deste mundo for.
O Divino pede esmola
Mas não é por carecer
É para ver os seus devotos
Aqueles que querem ser.
O Divino pede esmola
Mas não é por precisão
É para ver os seus devotos
Os seus devotos quem são”.
(Excerto)
3.11 – Pastorinhas
(Ritual de caráter religioso, composto por duas filas de pastorinhas. Como personagem tem as Ciganas, as Princesas e a Florista ou a Borboleta. Nesta versão, aqui apresentada, o cortejo entra na igreja e depois sai pelas ruas e dança nas casas).
“Alegres são estes campos
Quando vem nascendo o sol
E o gorjeio saudoso
Do pequeno, do pequeno rouxinol.
Sigamos todos contentes
Para ver e com alegria
Para ver o Deus menino
Jesus filho de Maria”.
(Excerto)
3.12 – Marujada
É uma festa popular em fase de extinção no Piauí. Somente em Parnaíba e Campo Maior ainda existe timidamente. Encena a história de uma nau perdida no mar e sobre o desenrolar da viagem que teve um final feliz graças a um milagre de Nossa Senhora. Fala um pouco sobre a história dos primeiros tempos de Portugal, especialmente em relação das lutas entre cristãos e mouros. O ritual tem coreografia simples. Os participantes falam, dançam e cantam imitando o balanço do mar.
3.13 – Quadrilha Junina
Festa caipira dançada em todo o Estado durante o mês de junho, especialmente por ocasião dos festejos de São João e São Pedro. A quadrilha que inicialmente chegou a ser uma dança de salão, hoje em dia apresenta marcação e coreografia mais modernas, guardando pouca lembrança da quadrilha afrancesada dos velhos tempos. É uma festa popular pitoresca dançada ao som do forró, tendo como ponto alto o casamento matuto. A quadrilha é um dos principais folguedos do Nordeste.
3.14 – Bumba-Meu-Boi
(Tela de Jeovah Santos) O Bumba-Meu-Boi, também conhecido como Boi de São João ou simplesmente de Boi é um dos principais folguedos do Piauí. Retrata a história de Catirina, a mulher de Chico Vaqueiro, que, estando gestante, desejou comer o coração do Mimoso – o boi mais bonito da fazenda. Induzido pela mulher o vaqueiro matou o animal. A notícia chegou aos ouvidos do patrão que embora tendo se enfurecido, após o julgamento, terminou perdoando o acusado. Com a assistência dos médicos (veterinários), o boi ressuscita e tudo termina em festa. O elenco dessa história, além do vaqueiro e de sua mulher, é constituído pelo Amo ou Ama (Dona Maroquinha), os médicos que cuidaram do boi, o Pai Francisco, o Mestre, o Contra-Mestre, o Alferes, o Sargento, os Caboclos Guerreiros (vestidos de índios), os Caboclos Reais, o Bicho Folharau e outros.
“Siá dona barra o terrêro
Cum bassôra de algodão
Qui a barra do boi é branca
Num pode arrastá no chão.
É lá, ê-lá
É lá tornô rodá
Siá dona barra o terrêro
Q’ué pu meu boi balanceá.
Siá dona barra o terrêro
Cum bassôra de alecrim
Qui a barra do boi é branca
Num pode arrastá campim”.
3.15 – O Meu Boi Morreu
A colonização do Piauí foi feita no rastro das boiadas. Ainda hoje o boi é um dos principais sustentáculos da nossa economia e uma das presenças vivas do nosso folclore. Além das várias versões do Bumba-Meu-Boi, Boi de Julho ou Boi de São João, o folclore piauiense imortalizou a marchinha O Meu Boi Morreu. Em seu livro Zamba, editado em 2000, a folclorista Lisete Napoleão Medeiros, discorrendo sobre a origem dessa composição poética e musical, nos diz que um rico fazendeiro do Piauí elegeu-se a deputado federal e estando em plenário da Câmara dos Deputados, sediada no Rio de Janeiro, onde até então funcionava o Distrito Federal, foi informado pelo seu assessor de imprensa sobre a morte de “Mimoso”, o seu boi de estimação. Consternado com a notícia, o deputado tirou o chapéu-de-couro da cabeça e em prantos solicitou para que todos se levantassem e que de pé fizessem um minuto de silêncio. Após ser prontamente atendido, ainda com lágrimas nos olhos, exclamou: – “Senhores, o meu boi morreu, o que será de mim?!” Segundo a autora, durante muito tempo o fato gerou comentários e há até quem ateste que foi esse inusitado incidente que inspirou a criação da marchinha:
“O meu boi morreu,
O que será de mim,
Manda buscar outro, maninha,
Lá no Piauí”.
4.0 – Eventos Folclóricos
Além do Encontro de Folguedos e dos Festivais de Quadrilha que são promovidos anualmente pela Fundação Cultural do Estado, a Fundação Cultural Mons. Chaves (de Teresina), promove eventos dessa natureza. Fora da esfera oficial merecem destaque os Festivais de Violeiros do Norte e Nordeste, promovidos anualmente, em agosto, pela Associação dos Violeiros e Poetas Populares do Piauí / Casa do Cantador, que tem como eterno presidente o respeitado professor, poeta e violeiro Pedro Mendes Ribeiro e como patrocinador, o Grupo Claudino, do empresário João Claudino que é considerado o Patrono dos Cantadores do Piauí e do Nordeste; os Festivais de Violeiros do Piauí, promovidos pelo Sindicato dos Cantadores do Piauí, com o apoio da iniciativa privada e da Fundação Nordestina do Cordel, criada pelo poeta popular, humorista, violeiro e cordelista, Pedro Costa, que também edita a Revista De Repente, a única do gênero, no país, especializada na divulgação da cultura popular e com correspondentes e circulação em vários Estados. Além dos eventos que divulgam, promovem e destacam os violeiros locais que sonham em ter a mesma dimensão do Rei do Improviso, o nosso inesquecível Domingos Fonseca, o Piauí que serviu de berço para o poeta Firmino Teixeira do Amaral, um dos maiores cordelista do Brasil de todos os tempos, se destaca pela grande produção de cordel e para tanto conta com a Gráfica Rima, do poeta Raimundo Clementino, que se especializou na produção de folhetos. Para divulgar o repente e o cordel, além das revistas De Repente, editada por Pedro Costa e Mensageiro da Rima, editada pelo poeta Barripi, contamos com vários programas de rádio, dentre os quais mencionamos “Sertão Por Dentro e Por Fora”, apresentado, na Rádio Pioneira, pelo poeta Pedro Mendes Ribeiro.
5.0 – Lendas
5.1 – Cabeça-de-Cuia
(Foto)Retrata um matricídio ocorrido na confluência do rio Parnaíba com o Rio Poti – local onde atualmente fica situado o Parque Ambiental Encontro dos Rios, no bairro Poti Velho. Em resumo a lenda conta a história de Crispim, um pescador violento que vivia com a mãe, numa velha choça, na confluência dos dois rios. Certo dia, ao voltar para casa sem ter conseguido pescar uma única piaba e ao perceber que não havia nada para comer, irritou-se e armando-se com um fêmur de boi, desferiu um golpe mortal contra a cabeça da mãe. A velha caiu ciscando, mas antes de bater a caçoleta, rogou-lhe uma maldição, condenando-o a viver como um monstro de cabeça grande, sob as águas do Parnaíba e do Poti e que só se desencantaria depois que desvirginasse sete Marias. Desesperado o pescador atirou-se n’água e, apesar da busca incessante, realizada nas noites de lua cheia, pelas ruas da cidade, ainda não encontrou as suas possíveis vítimas, razão pela qual a maldição continua e ainda hoje ele vive a assustar os pescadores e até os turistas que vão ao Encontro dos Rios.
5.2 – Num-Se-Pode
Conta-se que uma linda mulher ficava pelas ruas de Teresina à espera dos homens que saiam à noite em busca de aventuras. Quando um homem se aproximava, ela pedia um cigarro; ao recebê-lo, começava a se transformar numa figura horripilante e ia crescendo até conseguir acender o cigarro na luz do lampião do precário sistema de iluminação pública da capital e enquanto o pobre homem corria, desesperado de terror, ela sai zombando, aos gritos: “Num-se-Pode”, “Num-se-Pode”...
5.3 – Zabelê
É uma lenda que gira em torno do amor secreto de Zabelê, da tribo dos Amanajós com Metara, da tribo dos Pimenteiras. As duas tribos eram inimigas ferrenhas e como, em hipótese nenhuma, consentiriam aquele relacionamento, os dois passaram a se encontra às escondidas na margem do rio Itaim. Mandaú que nutria um amor não-correspondido por Zabelê, desconfiando de suas andanças a seguiu e ao encontrá-la nos braços do amado, levou algumas testemunhas para desmascará-la. O incidente gerou uma briga generalizada que resultou na morte dos amantes e de Mandaú. O novo incidente desencadeou uma guerra entre as duas tribos que durou sete sóis e sete luas. Tupã apiedando-se dos amantes, os transformou em duas aves que andam sempre juntas a cantar tristemente ao entardecer. Mandaú, o pivor de toda a desgraça, foi castigado e transformando num gato maracajá, e, devido o alto valor de sua pele, ainda hoje é perseguido pelos caçadores.
5.4 – Miridan
A lenda gira em torno do nascimento de uma criança que resultou de um relacionamento secreto da filha de um morubixaba de uma das tribos da nação Acroá. Conta-se que a jovem não sabendo como esconder o filho, o colocou numa gamela e soltou nas águas do rio Paraim. Quando a gamela começou a flutuar e descer na correnteza, as águas do rio se transformaram num imenso lago que atualmente é conhecido como a Lagoa de Parnaguá. A mãe d’água ao ouvir o choro do menino amaldiçoou a mãe desnaturada e o recolheu para criar. Vivendo sob os cuidados da mãe-d’água o menino encantou-se e ainda hoje não houve quem conseguisse desencantá-lo. Dizem que, de vez em quando ele aparece, pela manhã como criança, na parte da tarde como adulto e à noite como um velho de barbas brancas.
5.5 – Outras:
Dentre outras lendas do Piauí também merecem destaque “A Corrente Misteriosa”, “A Porca do Dente de Ouro”, “Morou ou Tá na Boca”, “Alice”, “O Anel de São Gonçalo”, “O Peba João”, “A Porca Jaú”, “Barba-Ruiva” (uma variante de Miridan), “Haja-Pau”, o “Pé-de-Garrafa” e outras.
(Fonte: http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=11523&cat=Artigos&autor=Adri%E3o%20Neto )
Sabores e temperos exclusivos como cheiro-verde, cebolinha branca, pimenta-de-cheiro e urucum dão mais gostos e complementam alguns pratos. E isso, sem se falar de doces exóticos, como, Buriti e compotas de caju, manga, casca de Limão, a famosa bebida, a cajuína.
Os pratos mais exóticos são: o Capote, Pirão, Buxada de Bode, Baião de Dois, Mugunzá, Panelada, Sarapatel, Galinha ao Molho, Maria Izabel, Paçoca, dentre outros.
Um pouco sobre a história:
O Piauí teve influência do mestiço, do índio, do negro e dos colonizadores portugueses. Eles foram os maiores divulgadores da nossa comida. Ao contrário, de que muitos imaginam não existe um prato que seja tipicamente piauiense, o que se tem na verdade são adaptações de pratos regionais que foram modificados ao longo dos anos. A capacidade criativa das mulheres do passado que, acrescentavam novos temperos na comida moficava um prato já existente.
Os sertanejos costumavam misturar ingredientes como arroz e feijão, o que originou o Baião de Dois, ou ainda o feijão com o milho, toucinho, pé e orelha de porco, originando o “Mugunzá”.
Outro ponto forte é a utilização da farinha de mandioca para o preparo de bolos e beiju (também conhecida como tapioca), já existem lanchonetes especializadas nesse prato, esses estabelecimentos criaram variações de sabores. Hoje é possível encontrar tapioca com queijo e presunto, calabresa, além disso, também é servido doce com leite condensado, chocolate, dentre outras variedades.
A doçaria piauiense é a mais rica e diversificada do Nordeste. São famosos os doces e compotas de caju, de manga, de goiaba, de buriti, de bacuri, de casca de laranja da terra e de tantas outras frutas. O doce de casca de limão azedo é o mais típico do Piauí.
Há também pratos que tem como principal ingrediente, peixes e frutos do mar como ostras e caranguejo, que são base das populares frigideiras e caldeiradas, especialmente no Litoral e em Teresina que é uma cidade dividida por rios e com tradição pesqueira, essas receitas fazem grande sucesso e agradam até paladares sofisticados.
Novo Mercado.
Os produtos da terra possuem grande destaque no mercado, é possível encontrar lojas especializadas em produtos típicos, que vendem itens, antes encontradas com dificuldade, na maioria das vezes apenas no interior e que são ingredientes indispensáveis nas receitas como carne de sol e manteiga da terra, além de uma variedade de outros produtos como doces, compotas, cajuínas, castanha de caju, vinhos e licores, extraídos de frutas típicas da região.
Há também o crescimento de estabelecimentos como restaurantes de comidas típicas, além de vendedores de lanches localizados em pontos movimentados como portas de faculdades e shows, que incluíram em seu cardápio, as tradicionais: Maria Isabel, Paçoca e Torresmo, criando a já famosa “Misturinha” que vem aumentando cada vez mais o número de clientes e o faturamento dessas pessoas.
Locais como o Mercado da Piçarra, se tornaram verdadeiros centros gastronômicos. Antes freqüentado apenas por pessoas de baixa renda ou indivíduos que, moram ou trabalham nas proximidades, hoje o local atrai um público mais sofisticado como Médicos, Jornalistas, Políticos etc.
O Piauí é um dos estados mais ricos culturalmente do país, repleto de encantos e belezas naturais, folclore, lendas e costumes peculiares. Porém, o seu maior destaque é sua culinária, por ser uma das mais ricas e apetitosas do Brasil.
Sabores e temperos exclusivos como cheiro-verde, cebolinha branca, pimenta-de-cheiro e urucum dão mais gostos e complementam alguns pratos. E isso, sem se falar de doces exóticos, como, Buriti e compotas de caju, manga, casca de Limão, a famosa bebida, a cajuína.
Os pratos mais exóticos são: o Capote, Pirão, Buxada de Bode, Baião de Dois, Mugunzá, Panelada, Sarapatel, Galinha ao Molho, Maria Izabel, Paçoca, dentre outros.
Um pouco sobre a história:
O Piauí teve influência do mestiço, do índio, do negro e dos colonizadores portugueses. Eles foram os maiores divulgadores da nossa comida. Ao contrário, de que muitos imaginam não existe um prato que seja tipicamente piauiense, o que se tem na verdade são adaptações de pratos regionais que foram modificados ao longo dos anos. A capacidade criativa das mulheres do passado que, acrescentavam novos temperos na comida moficava um prato já existente.
Os sertanejos costumavam misturar ingredientes como arroz e feijão, o que originou o Baião de Dois, ou ainda o feijão com o milho, toucinho, pé e orelha de porco, originando o “Mugunzá”.
Outro ponto forte é a utilização da farinha de mandioca para o preparo de bolos e beiju (também conhecida como tapioca), já existem lanchonetes especializadas nesse prato, esses estabelecimentos criaram variações de sabores. Hoje é possível encontrar tapioca com queijo e presunto, calabresa, além disso, também é servido doce com leite condensado, chocolate, dentre outras variedades.
A doçaria piauiense é a mais rica e diversificada do Nordeste. São famosos os doces e compotas de caju, de manga, de goiaba, de buriti, de bacuri, de casca de laranja da terra e de tantas outras frutas. O doce de casca de limão azedo é o mais típico do Piauí.
Novo Mercado.
Locais como o Mercado da Piçarra, se tornaram verdadeiros centros gastronômicos. Antes freqüentado apenas por pessoas de baixa renda ou indivíduos que, moram ou trabalham nas proximidades, hoje o local atrai um público mais sofisticado como Médicos, Jornalistas, Políticos etc.