terça-feira, 21 de maio de 2013

CANTO DA LAVADEIRA DO RIO


     autor: Álvaro Pacheco
Bate roupa, bate sol
bata fome, bate peitos
bate carne descarnada
na pedra, no coarador.

Precisa anil para a roupa
do patrão ficar branquinha
tinindo na estearina.

Bate a vida, a vida toda
bate a morte, a juventude
fica no rio, na pedra
se esgarça na correnteza
a pureza de menina
o sonho simples (de pobre)
os meninos espiando
ela só não vendo nada,

Precisa roupas, fiapos
um fiapinho de nada
pra chegar no céu enxuta.

Teresina, maio 65

Nenhum comentário: